Quem me conhece, sabe que há anos dedico muito do meu tempo à história da Eva, que quero lançar logo logo. Sou muito orgulhosa do que essa história é hoje, depois de muitas (MUITAS) revisões, e não vejo a hora de poder (oficialmente) dividi-lo com todos vocês. Eu estou em uma fase da minha carreira literaria que eu penso e repenso em cada decisão que eu tomo nas revisões.
Hoje estou pensando naquele primeiro parágrapfo. Aquele paragrafo que precisa dizer tudo sobre a história e pegar a atenção do leitor. E por enquanto, está assim:
"Como os monumentos restaurados superficialmente que a rodeavam, Eva estava abatida, sentindo seus braços e costas queimarem de tanto puxar aquela mala pra cima e pra baixo pela cidade. Para piorar, uma das rodas prendeu-se a uma das saliências da rua pedregosa, e quando Eva puxou com toda a sua força de Jedi, a roda rolou até o bueiro mais próximo, assustando uma ratazana, que correu e escondeu-se num canto escuro próximo dali. Já caía a noite. Era verão, mas uma brisa gélida passou por ela, como se para dizer que ela não deveria estar ali."
Para esse primeiro parágrafo, eu pensei em três coisas princiapais.
Mostrar que Eva chegou em uma cidade estranha, decadente e hostil (os ratos estão aí como símbolos dessa hostilidade e decadência, além dos "monumentos restaurados superficialmente"). Essa é uma história de imigração, então começar com a chegada à cidade, carregando a mala, sozinha, é algo do qual não escapamos.
Mostrar que Eva não está feliz. Chegar em uma cidade estranha não é algo prazeroso, mesmo se você imigra por vontade própria (que é o caso da Eva). Então ela está "abatida" e ela também já está se sentindo excluída (a brisa gélida que passa por ela está aí simbolizando isso). Isso serve como um foreshadowing também.
Finalmente, essa passagem cria um símbolo que volta na história várias vezes - a mala. Símbolos são sempre importantes na ficção. Essa mala (agora com uma roda só) vai acompanhar Eva. Ela é a bagagem (BAGAGEM!), tudo que ela trouxe para aquela cidade. E não somente as coisas materiais, mas também tudo que ela carrega dentro de si.
E vocês? O que vocês pensaram quando criaram seus primeiros parágrafos?
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